Com o avanço da tecnologia, essa realidade evoluiu. O Brasil, que possui uma das maiores malhas viárias do mundo, passou a contar com fibra ótica para substituir o antigo sistema de telefonia, eliminando custos elevados de manutenção. A chegada da internet abriu novas possibilidades para o monitoramento e a análise de tráfego. Neste artigo, exploramos o futuro do monitoramento inteligente nas rodovias brasileiras.

Videomonitoramento e a Evolução da Infraestrutura

A primeira rodovia concessionada no Brasil foi a Via Dutra, conectando São Paulo ao Rio de Janeiro. Já a primeira estrada a utilizar câmeras de vigilância foi a Rodovia dos Bandeirantes, com equipamentos analógicos que possuíam até um sistema de lavagem para manter as lentes das câmeras limpas de poeira e detritos da estrada.

Nos anos seguintes, a infraestrutura evoluiu ainda mais. Rodovias como a Tamoios , em São Paulo, foram pioneiras na oferta de Wi-Fi para os usuários. Hoje, quase todas as rodovias monitoradas estão conectadas por fibra ótica, uma inovação que aumentou a qualidade de transmissão de dados e vídeo e permitiu a extração de informações valiosas, como volume e tipo de veículos em circulação. Esses dados fornecem subsídios essenciais para ações das concessionárias e para os órgãos fiscalizadores.

Alexandre Nastro, especialista em tecnologia aplicada a rodovias, portos e aeroportos, com mais de 25 anos de experiência em TI, analisa essa evolução. Ele destaca os avanços na tecnologia de monitoramento, incluindo sistemas de detecção automática de incidentes, que agilizam a resposta a acidentes e congestionamentos. “Hoje, as agências reguladoras exigem câmeras inteligentes que identificam situações como acidentes, fumaça, animais na pista e congestionamento. Essa evolução permite ações mais rápidas e seguras”, explica Nastro.

Benefícios da Tecnologia para Concessionárias e Usuários

Embora a implementação de tecnologia possa gerar custos, como a necessidade de ampliar pistas devido ao aumento do tráfego, os benefícios para as concessionárias são evidentes. Com dados precisos sobre o fluxo de veículos, a concessionária pode otimizar o serviço, incluindo a criação de novos pontos de apoio, como áreas de descanso e restaurantes, para atrair mais motoristas.

Outro benefício é a possibilidade de parcerias com operadoras de telecomunicação para oferecer internet às comunidades próximas às rodovias, aproveitando a infraestrutura de fibra ótica já instalada. Esse tipo de receita adjacente contribui para a geração de novos serviços de telecomunicações na região.

Automação e o Futuro do Monitoramento de Rodovias

Cada câmera nas rodovias brasileiras gera, em média, 10 eventos diários. Em concessões com até duas mil câmeras, o volume de alarmes requer automação para uma gestão eficiente. A automação reduz a necessidade de uma grande equipe de operadores, pois sistemas avançados de monitoramento são capazes de cruzar dados e distinguir alarmes reais de falsos.

Nastro dá um bom exemplo de como essa tecnologia da automação pode ser necessária, inclusive para salvar vidas. Segundo ele, o local mais crítico para se ter acidentes é dentro de túnel em rodovias já que a probabilidade de vítimas fatais em um acidente com incêndio dentro de túnel é muito grande. 

Existem normas internacionais de aplicações que precisam ser obedecidas para garantir a segurança. O nível de inteligência dentro de túnel precisa ser ainda maior, com sistemas avançados de detecção de fumaça. Só existia esse sensor que poderia gerar alarme falso e causar grandes transtornos e elevados gastos de energia com ligamentos dos exaustores. “Hoje, os processos são mais inteligentes com a automação. Se realmente for confirmada a intercorrência com três eventos: sensor, analítico da câmera e checagem humana, o operador inicia as operações com precisão como fechamento da entrada do túnel e chamada dos socorristas. Esse sistema ainda não existe no Brasil, mas já está em fase de estudos para implantação, inclusive com parceria da ALCA NETWORK”, adianta Nastro. 

Rodovias Conectadas e Interativas

Para tornar uma rodovia verdadeiramente inteligente, a estrutura básica de fibra ótica é fundamental, pois permite o transporte das informações e uso de tecnologia como detecção automática de incidentes, sistemas de análise de tráfego e comunicação interativa. Rodovias com Wi-Fi integrado permitem que os usuários acessem aplicativos de emergência, compartilhem localização e façam chamadas de vídeo com as concessionárias em casos de necessidade. O operador recebe informações em tempo real e pode verificar a localização exata do motorista, agilizando o atendimento.

Nos Estados Unidos, já operam sistemas automatizados que atualizam painéis de mensagens com alertas meteorológicos e de tráfego. A comunicação também pode ser feita de forma mais direta, com envio de mensagens para os celulares ou mesmo via estação de rádio. Na Europa, já existem tecnologias como “caminhões ciber”, que podem rodar sem motorista para comunicar informações críticas, como objetos na pista , por exemplo. Esses mesmos caminhões são capazes de gerar energia ao tocar o solo com sensores. 

Transformação nos Pedágios: Cobrança Justa com Free Flow

A cobrança em praças de pedágio também está evoluindo. O sistema ‘Free Flow’, já implementado em algumas rodovias brasileiras, permite a cobrança automática, sem necessidade de parada. Esse modelo tarifa os usuários de acordo com a quilometragem percorrida, proporcionando uma cobrança mais justa. A identificação é feita por tags ou câmeras que leem as placas dos veículos, mesmo em alta velocidade.

A tecnologia avançada promete tornar as rodovias brasileiras mais seguras, eficientes e confortáveis. Com o suporte da ALCA NETWORK e o crescente interesse de investidores estrangeiros, a infraestrutura viária brasileira tem grandes oportunidades para se tornar um exemplo de modernidade e inovação.

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